Celebrando o início do ano pagão/astrológico e 30 anos de estudo, pesquisa e prática em Astrologia.
Neste ano estou completando 30 anos (cheguei à maioridade) de estudo,
pesquisa e prática em
Astrologia. Esta tragetória se confunde com minha
própria vida: diretrizes e encaminhamentos na vida; anseios e ansiedades;
motivações e desafios no percurso que me constituíram no que hoje sou, sempre
tiveram uma grande influência e determinação da Astrologia, uma vez que os meus
estudos e pesquisas sempre foram no sentido de ser um astrólogo mais competente
e/ou resolver problemas conceituais presentes no estatuto epistemológico que
sustenta a Astrologia no seu uso.
Comecei estudar Astrologia (algo que ironizava) para encontrar argumentos
que demonstrassem que de fato a Astrologia era uma crendice e não funcionava. Aos 17
anos de idade (nesta idade, talvez até mais do que hoje, já possuía uma
estrutura cética no olhar para com o mundo), quando conheci a Astrologia, foi
um misto de encantamento e incredulidade. Encantamento ao intuitivamente
perceber que tinha encontrado um instrumento que era capaz de descrever a
estrutura de identidade e a subjetividade humana e ao mesmo tempo incredulidade,
pois segue a pergunta que não quer calar: como é possível que a posição dos
planetas girando em torno do Sol seja capaz de descrever como está estruturada
a psique humana?
Não consegui mais parar de ler e aprofundar os estudos em Astrologia. Neste
percurso literário descobri Dane Rudhyar e Stephen Arroyo e com eles a
Astrologia psicológica, o que me levou a cursar Psicologia na UFRGS (com o
objetivo de ser mais competente como astrólogo) e também me levou a descobrir o
mais completo e complexo trabalho sobre a psique (alma) humana: a obra de Carl
Jung. Agradeço por isso tudo!
Hoje, cursando Filosofia, acima de tudo com o objetivo de tentar
organizar melhor e contribuir para a estruturação de um estatuto epistemológico
que justifique e sustente o funcionamento da Astrologia enquanto ramo do
conhecimento humano (para não usar o nome “ciência”), percebo que estou
conseguindo obter algumas respostas para as perguntas da mente inquieta e
cética daquele adolescente de 17 anos.
Com este ciclo de palestras tenho dois objetivos: 1) celebrar a
maioridade em Astrologia e a diminuição da ansiedade face às dúvidas e
incertezas diante dos desafios ante a escolha de um caminho incerto em função
dos preconceitos para com este ramo do conhecimento e 2) apresentar, nas três
palestras do ciclo, uma síntese das três linhas de pesquisa em que foco
atualmente o meu trabalho de pesquisa em Astrologia.
Temas do ciclo de Palestras
14/03 - Como é possível a ciência Astrologia?
A Astrologia, e mais especificamente o mapa natal, é um instrumento capaz
de descrever a estrutura de identidade de uma pessoa e a dinâmica das forças
que juntas formam o que em Psicologia recebe o nome de psique humana. Sendo
ainda mais específico, o mapa natal é capaz de descrever a estrutura interna de
representação através da qual cada ser humano se relaciona com o mundo. Mas,
segue a pergunta que não quer calar: como é possível que a disposição dos
planetas (aglomerados de matéria girando em torno de um centro e que não
possuem identidades míticas ou deificadas) seja capaz de descrever a estrutura
de identidade de uma pessoa?
Para responder completamente esta pergunta seria preciso percorrer dois
caminhos distintos: 1) o caminho do empírico para comprovar, através do
cruzamento de resultados obtidos com o mapa natal com testes psicológicos ou
outros métodos já validados, se é o caso que de fato o mapa natal é
capaz de descrever a estrutura de identidade de uma pessoa ou 2) o outro
caminho é tentar encontrar uma teoria que justifique ou nos faça
entender se é possível que seja o caso e quais a vias de relação entre a
disposição dos planetas girando em torno do seu centro e a subjetividade de uma
pessoa nascida neste momento do tempo correspondente.
A palestra do dia 14 de março tem como objetivo percorrer o segundo
caminho, o caminho teórico. Esta palestra tem dois objetivos que se entrecruzam: em
primeiro lugar demonstrar que a Astrologia é um ramo do conhecimento que possui
um estatuto epistemológico único (uma condição híbrida, se situando entre
ciência natural e ciência humana) e que desta condição se originaram os problemas
epistemológicos que colocaram a Astrologia como pseudociência e, em segundo
lugar, apresentar uma proposição metafísica (não empírica) que, minimamente,
sustente o início da construção de estatuto epistemológico que possibilite o
entendimento mais sério e “científico” da Astrologia.
21/03 - (Início do ano astrológico) Paganismo, Mitologia e Astrologia.
O Paganismo é seguramente a manifestação religiosa mais antiga da
humanidade. Nasceu de uma espécie de “participação mística” do ser humano com o
mundo ao seu redor derivada do encantamento e arrebatamento dos seres humanos
face às manifestações da natureza, ainda absolutamente incompreensíveis para a
condição intelectual dos “homo sapiens” deste momento.
A Astrologia e a Mitologia são filhas diretas do Paganismo. A Astrologia
ocidental como conhecemos e a Mitologia grega são irmãs, derivadas da
organização particular que determinada cultura deu aos padrões arquetípicos do
inconsciente coletivo da humanidade, presentes na organização inconsciente de todo
e qualquer ser humano, descritos por C.G. Jung e presentes em toda sua obra.
Levando em conta a origem em comum, Astrologia e Mitologia possuem uma
linguagem descritiva e representativa em comum: os deuses com suas
características e manifestações particulares. No entanto possuem pressupostos e
objetivos distintos, enquanto que na Mitologia observamos, acima de tudo,
representações do inconsciente coletivo da humanidade projetadas na forma de
representações externalizadas de modo que o ser humano pudesse perceber o seu
inconsciente manifestado, a Astrologia é, de certa forma, um embrião das
ciências naturais ao tentar entender e prever eventos futuros ao observar e
relacionar eventos do mundo natural.
Esta palestra, em homenagem ao equinócio que marca o início do ano
astrológico, além de falar sobre o equinócio como uma fase de um ciclo maior e
a importância destes ciclos naturais para a organização e sobrevivência de
seres humanos, pretende mostrar que estes ritmos, ciclos e padrões arquetípicos
estão presentes tanto na natureza material (empírica) do mundo quanto na
natureza imaterial (subjetiva ou inconsciente) dos seres humanos.
28/03 – Uma gramática para a Astrologia.
A Astrologia pode e deve ser entendida como uma linguagem. É uma série de
símbolos que quando colocados justapostos pretendem transmitir uma mensagem igualmente
inteligível, compreensível e acessível a qualquer um que esteja familiarizado
com o uso e as regras deste determinado sistema.
Uma linguagem escrita deve possuir, entre outras, regras ortográficas e
regras gramaticais. Sinteticamente falando, por regras ortográficas podemos
entender aquelas que definem a maneira correta de justapor determinados signos
de um alfabeto de modo que descrevam especificamente um objeto (físico ou de linguagem)
nesta representação; já as regras gramaticais irão definir as relações destes
objetos (físicos e de linguagem) em uma frase de modo que tal frase expresse
uma proposição com significado.
Em Astrologia, como ortografia devemos entender a descrição das
características e qualidades que definem cada um dos signos; a descrição especifica
e logicamente ordenada de cada uma das doze casas como uma área específica da
experiência humana; a descrição dos atributos, dimensões do eu e princípios que
definem cada planeta e também as regras que caracterizam a natureza dos
aspectos planetários na relação dos planetas entre si. Isto é relativamente
simples e a maioria dos manuais de Astrologia trazem definições corretas dos
elementos formadores do alfabeto Astrológico citados acima.
Por gramática, em Astrologia, devemos entender as regras hierárquicas que
irão definir as relações dos elementos formadores do alfabeto astrológico entre
si, definindo claramente que quando determinados elementos (planetas, signos e
casa) estiverem em relação entre si, quem influencia e quem é influenciado
nesta determinada relação, evitando, deste modo, frases sem sentido ou com
significado dúbio.
Nesta palestra pretendo apresentar um sistema de regras básicas, normas e
fórmulas que venho utilizando, com significativo sucesso (por parte dos
alunos), como orientação e estrutura na leitura e interpretação em meus cursos
de Astrologia.
Ciclo de Palestras 2013
Local: Casarão do Arvoredo
Rua Fernando Machado, 464
Centro Histórico - Porto Alegre
Horário: 19h 30min.
Informações
e Inscrições:
(51) 84336911
astroconhecer.blogspot.com