O mapa natal é um instrumento objetivo que descreve
o subjetivo.
O mapa natal é um instrumento objetivo na real acepção do
termo, a partir da divisão básica sujeito e objeto. O mapa natal é um objeto,
na forma de uma folha de papel impressa, com informações apresentadas com um
rigor simbólico e que pode ser organizada em uma linguagem precisa. Desta forma
é um instrumento objetivo.
Ao ler um mapa natal o astrólogo poderia estar de costas para
o seu cliente, uma vez que não é necessário olhar e observar o sujeito. Este
sujeito em questão (o cliente) está representado neste objeto existente no
mundo: o mapa natal.
O seu objeto de estudo (o que se pretende atingir com o uso
do instrumento) é subjetivo por tratar do psiquismo de um indivíduo. O modo
como este sujeito percebe de modo particular a realidade na qual está inserido.
O mapa natal, na perspectiva da Astropsicologia, descreve a mesma coisa que nas
psicologias analíticas é nomeado como inconsciente.
A principal mudança de
perspectiva da astrologia preditiva (mais antiga), para a astrologia
psicológica é que a importância se desloca do evento para o indivíduo.
Não se trata de saber que evento
irá ocorrer na vida de um indivíduo; mas sim que determinado tipo de indivíduo
tende a conduzir a sua vida para determinados tipos comportamentos que tendem a
conduzir para determinados fatos (eventos no mundo). Trata-se de saber que a
partir de determinada disposição psíquica, a pessoa vai se manifestar no mundo,
através de suas ações, de uma forma particular.
Em síntese, o mapa natal é capaz
de descrever o modo particular que cada pessoa tende a agir no mundo e conduzir
sua vida.
Em um trabalho de terapia com abordagem analítica, grosso
modo falando, o trabalho consiste basicamente em uma situação na qual a
subjetividade do cliente se manifesta através do seu discurso, sonhos, associação
de palavras, atos-falhos, etc. A partir do material simbólico produzido
(fornecido) pelo cliente, o analista pode dar um retorno, questionar,
significar e apresentar suas pontuações para o cliente para que, sinteticamente
falando, ocorra uma harmonia ou equilíbrio entre esta estrutura simbólica que
organiza psiquicamente o indivíduo – o seu inconsciente – e a condução de sua
vida, manifestada em seus atos.
No caso da leitura de um mapa natal o astropsicólogo, ao
descrever, para o próprio indivíduo, esta estrutura que define a ele mesmo
enquanto sujeito, possibilita através deste espelhamento, um reconhecimento
mais direto e autêntico de si mesmo enquantoi indivíduo.
Esta relação entre subjetivo e objetivo revela algo que é de
fundamental importância para entender a astrologia em sua associação com a
Psicologia.
Astrologia Psicológica
Mapa natal:
O mapa natal é um instrumento capaz de descrever a estrutura
de identidade de uma pessoa, de um indivíduo. Isto que o mapa natal é capaz de
descrever é a mesma coisa, ainda que vista por uma perspectiva diferente, que as
psicologias analíticas (Psicanálise e Psicologia analítica – Jung) chamam de
inconsciente. Dizendo de outro modo, o mapa natal descreve a estrutura de
representação através das quais o indivíduo chega no mundo e o mundo chega
neste indivíduo.
Ainda que concordemos que todos os seres humanos possuem,
biologicamente, o mesmo aparato sensorial, cada ser humano possui as suas
particularidades de representação que dão um sentido e “valoram” diferentemente
os estímulos vindos do mundo exterior e recebidos pelos sentidos físicos. Estas
valorações psiquicamente diferenciadas estruturam e orientam as decisões, ações
(e reações) das pessoas em relação aos eventos que ocorrem no mundo físico.
Deste modo, o mapa natal não descreve o que irá acontecer com
uma pessoa, mas sim como esta pessoa irá “acontecer” no mundo. Dependendo da
configuração astrológica representada no mapa natal podemos entender as
necessidades de um indivíduo a serem manifestadas na sua interação com o mundo.
O entendimento das informações fornecidas pelo mapa natal
pode orientar o indivíduo sobre a melhor forma de manifestar-se no mundo. Pode
contribuir para que a pessoa seja cada vez mais ela mesma ao interagir com o
mundo mais de acordo com o seu potencial natural de realização de si mesmo. Do mesmo
modo que pode servir como um instrumento que auxilia na “correção de rota” nos
casos em que o sentido que estamos dando para a nossa própria vida esteja
entrando em conflito com este potencial natural de realização.
Astrologia clínica ou
Astroterapia.
Dando continuidade ao que foi apresentado na postagem
anterior “O QUE É Mapa natal”, vamos falar da sua utilização propriamente dita
na Astrologia Clínica ou Astroterapia.
O uso clínico, em um processo terapêutico, das informações
fornecidas por um mapa natal pode ocorrer basicamente de dois modos. Um deles é
mais objetivo visando o uso das informações para fins diagnósticos descritivos da
estrutura de identidade de um indivíduo, o outro modo é mais subjetivo e
propriamente clínico ao se utilizar do conteúdo simbólico e mitológico da
Astrologia como forma de reorganização psíquica da pessoa com que se está
trabalhando.
O uso diagnóstico do mapa natal nos permite, simultaneamente,
uma visão ampla e específica da psique humana, ao descrever tanto a estrutura
geral de identidade de um indivíduo quanto as qualidades básicas e modo de operação
de dimensões específicas que juntas e em interação formam o sistema que
chamamos de psique humana. Dois exemplos para ilustrar melhor: a posição da Lua
em um mapa natal masculino descreve as qualidades de representação da anima
deste homem e, por outro lado, a posição de Saturno em um mapa feminino
descreve o animus desta mulher.
De posse destas informações, do mesmo modo como fazia Jung,
conforme relatos seus, fica mais fácil para o terapeuta entender os movimentos
internos e as motivações do seu cliente.
O seu modo de uso mais subjetivo e clínico, se dá através do
uso do manancial simbólico, mitológico e arquetípico presente na própria
linguagem da Astrologia para proporcionar ao indivíduo um contato mais direto e
imediato consigo mesmo do que o proporcionado pelo discurso linear da nossa
linguagem ordinária. Usando de uma metáfora, a leitura do mapa natal
proporciona uma descrição e ambientação do panteão pessoal de cada um, e
orientando na condução dos seus atos, na manifestação do seu mito pessoal no
caminho de individuação.
Técnicas de
prognósticos
As técnicas de prognósticos (trânsitos planetários e
Revolução Solar) são alguns dos trabalhos em Astrologia que contribuíram para a
sua suposta capacidade de “prever o futuro”.
A tentativa de buscarmos previsões em termos de eventos
específicos foi uma ideia que precisou ser sumariamente abandonada no percurso
de se construir uma reputação de seriedade e maior aceitação da Astrologia como
uma ciência estabelecida. A tentativa de prever eventos na vida de uma pessoa é
algo insustentável. Quando analisado logicamente é um conceito que se
auto-anula e por fim, pragmaticamente, não acontece.
Mas então, o que fazem (de útil para os seres humanos) e como
funcionam as técnicas de prognósticos?
Para responder esta pergunta, precisamos começar por uma
definição geral de Astrologia: Astrologia é um instrumento capaz de descrever a
qualidade existente em cada momento do tempo a partir das informações
fornecidas pelas configurações astrológicas deste momento do tempo.
A partir desta definição vamos começar olhando para o mapa
natal. O mapa natal é quando “Fotografamos” um momento específico do tempo (o
nascimento de alguém) e procuramos entender as qualidades de manifestação da
estrutura psíquica de um indivíduo a partir das disposições planetárias neste
momento. Por outro lado, a posição dos planetas em seu movimento atual (e
futuro) descreve o padrão de qualidade existente neste momento do tempo.
Quando trabalhamos com as técnicas de prognósticos (em
especial os trânsitos dos planetas), estamos observando a qualidade existente
no tempo atual (e futuro), e colocando-a em relação ao padrão de qualidade da
estrutura do inconsciente de uma pessoa, descrita em seu mapa natal. Esta
relação entre os dois momentos do tempo procura entender a condição resultante
da “influência” do primeiro sobre o segundo padrão de qualidade do tempo
descritos pela Astrologia.
Agora, com o procedimento técnico sinteticamente definido,
vamos olhar para o processo vivenciado pelo ser humano.
Sobre esta questão dos prognósticos, uma abordagem mais
antiga da Astrologia diria se tratar da descrição dos eventos que irão ocorrer
na vida de uma pessoa. Eventos não são coisas, eventos são pessoas gerando e
percebendo acontecimentos no mundo.
Como disse em uma postagem anterior, o mapa natal descreve a
estrutura de representação através da qual o indivíduo interage com o mundo. Tudo o que percebemos do mundo chega até nossa
consciência através de nossas representações que qualificam a nossa interação
com o mundo (como percebemos o mundo é assim que o mundo “é” para cada um de
nós). Qualquer alteração qualitativa no modo como percebemos o mundo alterará o
modo como entendemos como o mundo seja (ou está sendo).
Do mesmo modo como o mapa natal descreve, perenemente, como
que uma pessoa percebe o mundo e interage com este, as técnicas de prognósticos
irão descrever, temporariamente, as alterações de percepção e valoração que
esta pessoa tem para com determinadas áreas ou dimensões da sua vida. Se,
conforme dito antes, toda a interação de um indivíduo com o mundo se dá através
das representações que intermedeiam sua relação com este mundo, qualquer
alteração neste sistema de representações irá alterar como o mundo “é” para
esta pessoa.
Dizendo de um outro modo, durante um determinado trânsito
planetário não ocorrerão alterações reais no mundo exterior (os fatos na vida)
desta pessoa. O modo como estão ocorrendo e as condições da vida profissional,
afetivo/relacional, familiar e outros, continuarão do mesmo modo e nas mesmas
condições anteriores ao trânsito planetário em questão. O que pode ser
entendido com a leitura dos “prognósticos” é a transformação do modo como este
indivíduo percebe e valora esta determinada área de sua vida.
O estudo e o entendimento destes momentos contribuem para que
a pessoa tome decisões e encaminhe sua vida de um modo mais pertinente com as
suas necessidades atuais e também ajuda a melhor passar pelos processos de
crise inerentes a toda mudança significativa na vida de uma pessoa.
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Os quatro elementos na natureza.
Um dos principais conceitos-chave para a Astrologia são os
Elementos.
Os Elementos são os componentes básico da estrutura do Universo.
Eles representam os estados de energia fundamentais da manifestação da vida. Os
quatro elementos representam a base que estrutura todo o universo e estão,
simbolicamente, de diferentes formas presentes em todas as coisas existentes. O
próprio ser humano pode ser representado, na sua natureza completa, pelos
quatro elementos.
Os quatro elementos estão organizados na natureza de vários
formas. No ser humano podemos relacionar os quatro elementos com nossas quatro
partes fundantes: O elemento Fogo representa nosso princípio de identidade, o
espírito, este algo que nos individualiza e se manifesta em um corpo, o
elemento Terra. O elemento Ar representa a razão como elemento de interligação
intelectual e social entre as partes e por fim o elemento Água fala de nossos
sentimentos, ou seja, do modo como percebemos e nos relacionamos com o meio
pela via das emoções.
O ser humano completo é composto de Fogo (Espírito, identidade),
Terra (corpo, matéria), Ar (mente, razão, lógica, inteligência) e Água (emoção,
sentimento). Todos estes elementos organizados em diferentes proporções definem
a natureza de cada ser humano. Fazendo um paralelo com o trabalho de Carl Jung,
os quatro elementos estão representados nas quatro funções psicológicas dos ser
humano.
Elemento fogo – função intuição
Elemento terra - função percepção
Elemento ar – função pensamento Elemento água – função
sentimento
Todos os conceitos da Astrologia derivam, primordialmente, da
combinação entre os quatro elementos e os três ritmos da natureza. A astrologia
costuma representar o universo em termos dos quatro elementos básicos.
Tradicionalmente, o Fogo, a Terra, o Ar e a Água são os elementos sobre os
quais se fundamenta toda a filosofia antiga. Quando falamos de astrologia e
filosofia antiga, e das relações destas com os quatro elementos não devemos
pensar neste conjunto como coisas dissociadas do mundo do qual fazemos parte,
muito pelo contrário, quando descrevemos as características dos elementos na
astrologia notamos que estes têm as mesmas qualidades que tais elementos no
mundo natural.
Falarei pormenorizadamente sobre cada um dos elementos mais
adiante, agora, quero apenas adiantar uma forma alegórica de relacionar os
elementos com as diferentes dimensões do ser humano. Dentre os quatro
elementos, temos dois, a Água e o Ar que servem como elementos de orientação.
Ajudam-nos a nos orientar no meio e contribuem para as nossas tomadas de
decisão. Podemos tomar nossas decisões baseadas em fatores emocionais ou
racionais.
Podemos gostar ou não gostar de algo e, baseados neste julgamento
de ordem afetiva (Água) tomar uma decisão ou, pelo contrário, podemos avaliar
racionalmente (Ar) a situação, compararmos tal situação com um quadro racional
de referência já existente em nós e então tomarmos nossa decisão.
Decisão após decisão vamos fazendo coisas, construindo nossas
realizações no plano material (terra). A natureza dessas construções e
realizações não são o mais importante, pois estas podem ser das mais variadas
naturezas. Podem ser concretas tais como construir um prédio, edificar uma
empresa ou outro negócio, ou ainda, pode ser escrever um livro ou elaborar um
teoria. Seja como for, o que importa é que através da nossa realização construindo
no mundo algo que seja útil a este mundo e nos realize como seres humanos
manifestamos nossa identidade (Fogo).
Antes de analisarmos os elementos astrológicos vamos
observá-los na natureza para melhor entender a natureza dos signos de cada
elemento.
O elemento Fogo na natureza.
De todos os elementos o fogo é o mais imaterial. O Fogo é
o mais instável, o mais provisório. Na verdade o que observamos é somente a
manifestação do fogo. Ele existe como resultado químico de algo que está sendo
queimado e somente enquanto há algo para ser queimado. Da mesma
maneira que não é possivel observar diretamente o espírito humano e somente sua
manifestação que somente irá existir enquanto existir algo para a chama da vida
queimar.
Não podemos guardar o fogo, nem estocá-lo. Ele tem
uma tendência natural para a expansão e necessita da presença de um comburente
(o ar) e de um combustível (algo que possa ser queimado).
Uma imagem que imediatamente associamos ao fogo é a da
luz. O fogo ilumina e serve como orientação na escuridão.A luz é sempre um
elemento de união que tende a agregar os seres vivos em torno de si. Do mesmo
modo a consciência é algo que pode vir aos poucos ou aos saltos, como espírito
humano que nos diferencia dos outros animais por nos ter tirado das trevas
primordiais e nos levado à luz da consciência.
Fogo - identidade – Intuição
Signos de Fogo: Áries, Leão e Sagitário
Este elemento se expressa por atividade e energia e buscando o
conhecimento e afirmação da identidade. É a própria energia flamejante com
movimento e brilho constante atrai a atenção. É sempre individualizado (o fogo
e não os fogos) e com o movimento voltado para cima em direção ao futuro.
O simbolismo do fogo indica uma necessidade básica de
expansão, relacionada com a aceitação de desafios e a tomada de iniciativas.
Estes signos, em sua manifestação mais completa, têm um forte conteúdo de
autoconfiança, já que aqueles que os têm enfatizados sentem-se, de alguma
forma, portadores (ou melhor, canais de expressão) dessa energia fundamental.
Assim como ocorre com a função superior intuição, a abordagem de
mundo é feita com entusiasmo e confiança. O tipo fogo tende a ser espontâneo e
autoconfiante. É automotivado por ser fortemente orientado em direção a si
mesmo e às suas necessidades de realização pessoal e criativa.
O elemento Ar na Natureza.
O ar não tem limites. Não pode ser agarrado, não assume forma
estável. Simboliza um estado de máxima liberdade, de movimento constante. Da
mesma forma as idéias também são livres e a mente viaja para onde quiser e são
o elemento de ligação e conecção que dão significado ao mundo como nós o
conhecemos e, conecta todas as coisas aparentemente isoladas
O ar insufla o fogo, o fogo precisa de ar para tomar-se mais
forte, assim como o espírito humano necessita do intelecto para se manifestar e
transformar o plano material. O vento propaga os incêndios. Estes dois
elementos têm ambos um movimento ascendente e expansivo, tendendo a ocupar o
máximo espaço possível.
Quando comprimido, o ar pode tornar-se explosivo e causar
estragos, assim como idéias e pensamentos não liberados podem tornar-se
complexos psicológicos destrutivos. Como a liberdade é da natureza do ar,
quanto mais reprimida, mais tende a reinstalar-se de forma violenta.
O ar toca tudo sem misturar-se a nada. O ar pode estar presente no
fogo, insuflando-o; na água, formando bolhas; ou na terra, preenchendo
cavidades. Mas, ao contrário da água, que sempre forma alguma liga, o ar
preserva sua individualidade e, assim que é liberado, volta ao estado original.
Da mesma maneira as pessoas de ênfase no elemento Ar se conetam a
tudo de uma forma impessoal e não vinculada.
O ar é sujeito a variações súbitas, dependendo do estímulo que
recebe. O ar pode manifestar-se como brisa, como vento ou como furacão. A
atmosfera pode ser extremamente fria ou tórrida. O ar recebe os estímulos e
retransmite-os, permitindo sua propagação.
Ar – pensamento – social/intelectual
Signos
de Ar: Gêmeos, Libra e Aquário.
É o elemento da comunicação, da ligação. É ele que
conceitualiza, relaciona, idealiza e explica o Universo. Utilizado corretamente
ele dá a capacidade da palavra, o poder criador, leve e fluído do pensamento.
Utilizado em excesso origina dispersão, nervosismo mental e uma comunicação
errática, vaga e descontrolada.
Está relacionado com a função pensamento, apresentando
como característica dominante a capacidade para abstrair da realidade material
os elementos necessários para a formação de juízos e estruturas mentais de
compreensão do mundo. Neste sentido, os signos de ar têm muito a ver com os
processos de planejamento, definição de estratégias, acumulação de
conhecimento, formulação de conceitos e troca de informações. São signos de
relação, onde o aspecto intelectual apresenta-se como dominante.
O elemento Água na Natureza.
Ainda que fluida, a Água é o primeiro dos elementos que
possui uma materialidade facilmente perceptível e que notadamente sofre a ação
da gravidade.
A Água está diretamente relacionada com a fertilidade e à
vida na Terra, sabe-se que a vida nasceu na Água e depois é que migrou para o
meio terrestre e aéreo. Sem este elemento não haveria vida, o mundo seria
estéril, do mesmo modo que os sentimentos e as emoções é que tornam a vida possível
entre os seres humanos.
A água se amolda à forma do recipiente. Quando no estado
liquido, a água não consegue preservar a forma, precisa de algo que a sustente
e, quando o encontra, assume a forma do recipiente. Assim, o formato dos rios,
lagos e oceanos guarda relação com a estrutura geológica dos terrenos que lhe
dão sustentação (elemento Terra). Sabe-se que, psicológicamente falando, nossas
características emocionais estão bastante relacionadas à nossa imagem corporal.
Da mesma forma, a erosão hídrica cava sulcos na terra e modela bahias e
falésias, em uma relação direta às nossas emoções que marcam nossas faces e
determinam a saúde de nossos corpos.
Mas, dentre todas, a maior semelhança que noto entre o
elemento Água na natureza e as características astrológicas do elemento Água
(emoções e sentimentos) é que tanto em um rio ou mar quanto em nossas emoções,
quanto mais fundo se vai, mais escuro fica e mais aumenta a pressão.
Água – Sentimento –
sentimento
Signos
de Água:
Câncer,
Escorpião
e Peixes
Este
é o Elemento da emotividade e sentimento. Ele amolece a rigidez da Terra,
controla e regula o poder do Fogo e dá sentimento á comunicação do Ar.
Utilizado de forma controla dá sensibilidade, intuição, empatia. Em excesso,
origina sentimentalismo exagerado, pieguice, histeria emocional, descontrole e
confusão.
Está
relacionado com a função sentimento, o que lhes dá como característica
dominante a capacidade de sintonizar com as necessidades emocionais mais
profundas de si próprios e de outros. A sintonia com estas necessidades gera
uma acuidade maior no que se refere á compreensão das vulnerabilidades humanas
(empatia) e um profundo sentimento de proteção, que pode voltar-se sobre o
próprio indivíduo (autoproteção) ou sobre os demais, gerando uma constante
busca de segurança. A vida psíquica, tal como um oceano, tende a ser profunda e
rica, com grande valorizarão da imaginarão, da fantasia e dos elementos do
inconsciente.
O elemento Terra na Natureza.
Dentre
todos os elementos a terra é, sem dúvida, o mais material, mais concreto e
estável.A terra serve de base para
todos os seres vivos.
A terra assume formas estáveis. Ao contrário do fogo e do
ar, que não têm forma definida, e da água, que precisa de um recipiente, a
terra é a próprio recipiente. O fato de manter a forma (especialmente quando se
apresenta como rocha) toma-a o elemento construtivo por definição. Assim, a
habitação, o abrigo e a segurança sempre dependem da terra, que fornece
elementos de construção e permite a definição de espaços e o estabelecimento de
limites. A terra tem a máxima dureza, concentração e densidade.
Todos estes atributos relacionam a terra com a
materialidade e com o suprimento das necessidades corporais básica: alimentação
e segurança. No próprio corpo humano, a terra guarda analogia com o que há de
mais estrutural, que é o sistema ósseo, o esqueleto, princípio organizador da
forma.
É com referência à terra que se constrói o senso de
valor. As noções de bem e de propriedade foram elaboradas com referência à
terra. A posse da terra e de bens materiais e palpáveis constituiu a noção
inicial de riqueza e ajudou a criar distinções que diferenciaram a sociedade em classes. A terra está
em analogia direta com o conceito de valor (Touro), com os métodos empregados
para obter riquezas (Virgem, o trabalho) e com a organização social daí
decorrente (Capricórnio, a estrutura).
A relação com a terra é física, sensorial, e comumente
exige esforço e existe uma associação com processos corporais (o toque, o
cheiro, o suor). A terra nos recorda nossa natureza instintiva, animal.
Terra – percepção – matéria
Signos
de Terra:
Touro,
Virgem
e Capricórnio
Este
é o elemento mais concreto de todos, fala da tomada de forma, da densidade e
peso. É ele que dá estrutura concreta a todas as coisas, confere solidez e
substância. Também organiza a manifestação da matéria.
Para os indivíduos deste elemento a percepção direta e
imediata da realidade a partir dos sentidos é a principal forma de orientar-se
no mundo. Corpo, dinheiro, trabalho, prazeres, bens, valores e tudo o que
representa o reino da matéria é a sua medida para as coisas.
Está relacionado com a função Sensação, ou seja,
manifestam a capacidade de sintonizar com a realidade material e agir de
maneira concreta sobre o mundo circundante. O senso prático, portanto,
encontra-se relacionado a estes signos, da mesma forma como as atividades
produtivas, em geral: os métodos de trabalho, a relação com a tema, a
organizarão administrativa. Os signos de Terra propiciam também uma maior sintonia
com as necessidades do corpo, de forma que há uma grande necessidade de
segurança e autoproteção, se bem que de natureza ligeiramente diversa daquela
que motiva os signos de água.
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Astrologia e Psicologia Junguiana
A Astrologia, em sua abordagem terapêutica e psicológica, e mais especificamente na leitura de um mapa natal, é um instrumento que descreve com precisão e profundidade a estrutura e a dinâmica das diversas forças e dimensões que formam a psique humana.
As Psicologias do inconsciente, Psicanálise e Psicologia analítica (Junguiana), observaram a manifestação de diversas instâncias constitutivas dos seres humanos e descreveram, ao seu modo, os conteúdos por elas representados. Várias das dimensões do indivíduo humano descritas pelas psicologias do inconsciente, bem como conceitos por elas definidos, encontram correlatos diretos na simbologia astrológica.
Desde os conceitos básicos da psicanálise, presentes na representação dos três constituintes do aparelho psíquico: Id, Ego e Superego. Vemos a mesma descrição conceitual e funcional na Astrologia representada na dimensão do eu descrita, e na função desempenhada por, respectivamente, Marte, Sol e Saturno.
Na Psicologia analítica a complexidade na identificação e descrição de estruturas fundantes da psique humana aumenta significativamente. Nas citações de Jung encontramos uma estrutura psicológica muito mais complexa e também muito mais viva onde estas estruturas interagem, se complementam e muitas vezes conflitam entre si. Na descrição Junguiana encontramos estruturas tais como: Persona, Sombra, Anima e Animus. Aqui, novamente encontramos correlatos estruturais descritos pela Astrologia: o Ascendente, Plutão, a Lua em um mapa natal masculino e Saturno em um mapa natal feminino, respectivamente, representam o mesmo conteúdo psíquico simbolizados na Psicologia analítica.
Não é surpreendente o fato de encontrarmos estruturas e descrições semelhantes de dimensões humanas tanto na Astrologia como na Psicologia uma vez que ambas são conhecimentos desenvolvidos por seres humanos e, portanto, possuem representações da subjetividade humana e são representadas por princípios arquetípicos do inconsciente coletivo, para usar uma terminologia junguiana.
O meu principal objetivo com este texto, no entanto, não é descrever as semelhanças entre Psicologia analítica e Astrologia. Quero salientar as diferenças de uso e forma de acesso que estes dois conhecimentos similares fazem com os conceitos que possuem em comum e as possibilidades de benefício a ambas e a potencialização do processo de autoconhecimento do ser humano que podemos ter com uma combinação mais objetiva e metodizada destes conhecimentos.
Nas psicologias com o foco no inconsciente, em seu processo terapêutico com a intervenção e condução do terapeuta, é esperado que o inconsciente vá aos poucos se manifestando e sendo comunicado ao consciente, o acesso a este e à sua tradução podem se dar por várias vias, mas temos um contato privilegiado através dos sonhos, onde os episódios oníricos estão repletos de símbolos representativos do inconsciente coletivo organizados e qualificados conforme o inconsciente individual.
De uma forma muito sintética, é possível dizer que durante o processo terapêutico analítico o principal objetivo é que fique cada vez mais claro para o indivíduo a qualidade com que estas diversas estruturas complexas (Id/Ego/Superego, Persona, Sombra, Anima/Animus) se manifestam e são representadas, na sua particularidade como indivíduo, e o modo como interagem mutuamente em um sistema interdependente que em sua totalidade constitui a psique deste indivíduo.
A Astrologia clínica ou terapêutica, por sua vez, é um instrumento que possibilita a descrição diretamente ao consciente, de um modo objetivo, a qualidade com que cada uma destas dimensões constitutivas do ser humano estão representadas em sua psique individual. Em outras palavras, a Astrologia psicológica inverte o vetor, é uma psicologia do consciente, um instrumento que através de uma linguagem objetiva procura comunicar diretamente ao consciente como se dá o jogo de forças que constituem subjetivamente um indivíduo.
Na Astrologia todo este universo simbólico das manifestações do inconsciente coletivo, representado tanto nas estruturas psicológicas individuais citadas antes quanto nas diversas mitologias presentes em variadas culturas ao longo da história da humanidade, ganham vida e qualidade (atributos, predicados) de manifestação. Na Astrologia, estes elementos mitológicos representantivos do inconsciente coletivo assumem a função de elementos de um alfabeto simbólico que, quando associado a outros elementos do mesmo alfabeto, sob regras lógicas que definem a relação destes componentes, se obtém uma frase simbólica com um sentido, uma proposição que quer dizer algo próximo à relação sujeito predicado em uma frase. Se diz de algo de algo; que isto (o que quer que seja “isto”) se manifesta com determinada qualidade.
Quando se diz que determinado planeta (uma dimensão do indivíduo, estrutura ou elemento mítico do inconsciente coletivo) está posicionado em um signo (qualidade arquetípica de manifestação), a informação fornecida por esta disposição é a que neste indivíduo particular a dimensão do eu representada pelo planeta se manifestará com uma qualidade dentro do espectro arquetípico representado pelo signo. Deste modo, temos uma informação precisa e objetiva que pode ser comunicada através de uma linguagem de códigos definidos (Mercúrio/Logos) diretamente ao consciente (Sol/Ego) para que este tenha o conhecimento da qualidade e do modo de interação das diversas forças que formam sua psique indicando potencialidades e conflitos resultantes desta interação. A consciência e o entendimento desta totalidade simbólica da qual somos compostos propicia o autoconhecimento e contribui muito para o que Jung chama o processo de individuação.
Uma consulta de leitura do mapa natal (ou seja, ter o mapa natal interpretado por um astrólogo profissional capacitado) não é em si necessariamente terapêutico, no entanto, é sem dúvida muito revelador. Não é terapêutico simplesmente porque o ser terapêutico implica necessariamente um processo. Ainda que usualmente forneçamos uma gravação com o áudio da consulta, não temos nenhuma garantia que o cliente ouvirá outras vezes com a devida atenção para gerar um processo. A Astrologia somente se torna terapêutica por si só quando é estudada e praticada, uma vez que, através do estudo e da prática freqüente repassamos reiteradas vezes pelo simbólico nela contido de modo que os símbolos representantes do inconsciente coletivo nos perpassam constantemente o que propicia um contato direto, por ser simbólico, com o nosso inconsciente pessoal.
A Astrologia pode contribuir muito com um processo terapêutico quando utilizado como instrumento de diagnóstico por parte do terapeuta, pode ser muito útil na condução de um processo terapêutico saber a qualidade com que se manifesta determinada estrutura na psique do cliente. Nas palavras de Jung:
Como psicólogo, eu estou principalmente
interessado na luz particular que um horóscopo oferece em certas
complicações no caráter. Em casos de dificuldade diagnóstica eu
normalmente obtenho um horóscopo para ter um ponto de vista adicional de
um ângulo completamente diferente. Eu tenho que dizer que, muito
freqüentemente, tenho achado que os dados astrológicos elucidaram certos
pontos que, caso contrário, eu não teria podido entender. (de
uma carta para Prof. B.V. Raman; 06/9/ 1947)
Por sua vez, a Astrologia e os astrólogos se beneficiam do contato e da troca com a Psicologia Analítica de vários modos, primeiramente ao aumentar a complexidade das possibilidades de interpretação de uma dada disposição astrológica, aprofundando o significado atribuído a cada símbolo astrológico com um correlato em estruturas descritas na psicologia analítica. Outra contribuição para a Astrologia é a noção da psique humana como um sistema no qual várias partes interagem organizados dentro de funções e disposições hierárquicas e que o resultado final ( a interpretação e interação do indivíduo com o meio) é o resultado da interação das várias estruturas constitutivas do sistema psique humana, junto com o conceito presente na noção de Self, representando ao mesmo tempo o centro e a totalidade.
Por fim, o que entendo ser a maior contribuição tanto no sentido de contribuir para com a Astrologia quanto como contribuição para o ser humano moderno, é a noção do processo de individuação, que é o equivalente a noção de realização ou iluminação presente em várias culturas, em especial as orientais e que sabiamente Jung conseguiu instaurar esta noção novamente entre nós ocidentais contemporâneos. Entre tantas outras contribuições, Jung, nas inspiradas e inspiradoras definições do processo de individuação, reapresentou ao ser humano moderno a necessidade de manifestar e realizar a si mesmo no mundo através do processo de autodescoberta como a principal motivação para uma vida manifestada.
Para Jung, o grande sentido da vida é a individuação: processo de profundo autoconhecimento onde tomamos a coragem de nos confrontar com velhos medos e o que desconhecemos de nós próprios. Individuar-se significa fazer o ego/Sol (o centro da consciência) tomar consciência da totalidade, expandir-se e ir ao encontro desse centro/totalidade ordenador (Self) e fundir-se a este sem deixar de ser o que é. Representa separar-se da massa, do turbilhão inconsciente e adquirir autonomia, tornar-se uma totalidade psicológica, una e centrada, sem divisões internas, autoconsciente: um in-divíduo. Este é o caminho para a personalidade total e a buscada realização pessoal. Para Jung, o futuro da humanidade dependerá diretamente da quantidade de pessoas que conseguirem se individuar.
Entendo que a união e contribuição mútua entre este inspirado e profundo conhecimento de descrição e contato com o inconsciente humano representado pela psicologia analítica e a Astrologia, este milenar instrumento de conhecimento humano, (que segundo o próprio Jung deve receber o total reconhecimento por parte “das” psicologias por representar o somatório do conhecimento psicológico da antiguidade), não é somente benéfica a ambas, é acima de tudo importante para o próprio ser humano: o principal beneficiado por ser o objetivo final de ambos os conhecimentos. Entendo esta união como mais uma contribuição para o processo de individuação.
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